2.07.2018
Preparam uma festa ao meu redor, mas eu me sinto tão sozinho. Tantas
lembranças perambulando a minha mente nesse momento. Recordações
de um verão intenso ao seu lado. O sol ainda arde na minha pele, mas
não me vejo refletido em seus belos olhos azuis. Havia tanto o que
viver ainda, mas você se foi. Foi e levou o melhor de mim; levou meu
nome, meu corpo e minha essência. Eu fiquei com pouco ou nada de nós
dois. Lembrar é pouco quando se teve tanto e acabou.
Todos sorriem e convidam ao brinde celebrativo. Tudo é tão
convidativo para dançar, mas a única valsa que eu me aventurei foi
quando você me segurou bem junto ao teu corpo e rodopiou. Tudo é
nada quando não se sente mais amor. Nem adianta dizer para seguir em
frente, porque eu só quero chorar. Foi um erro talvez, mas não me
arrependo. A vida é um sopro e meu fôlego já se foi.
Eles me chamam para participar; sentem falta do meu sorriso. Talvez o
vinho fosse o único acalento que eu preciso, mas me embriagar não
diminui mais esse espaço largo em meu peito. Ele seguiu em frente e
eu fiquei parado no mesmo lugar. O mar não me convida para um
mergulho de batismo. Sinto que até as águas borbulhantes se
aquietaram por não ter mais a graça do nosso mergulho. A chuva
passou e eu sou o chão alagado que todos sentem repulsa, mas em meu
peito ainda pulsa o prazer de pronunciar teu nome como se fosse meu.
Eles desistem e eu caio em prantos mais uma vez. Você disse que se
lembra de tudo, mas o medo e a conveniência te levaram para longe de
mim. Queria mesmo era sentir teus dedos entre os meus enquanto corro
pelo campo como um louco liberto das amarras desse mundo. Sentir teu
corpo em mim uma última vez seria inspirador. Tudo é nada quando o
amor insiste em ficar no passado. Tudo é nada sem você ao meu lado.
O fogo arde e queima tuas lembranças em mim. Eu me esforço para
esquecer, mas teu nome grita na minha cabeça. A razão implora que
eu te esqueça. O coração anseia que tudo aconteça em giros na
minha frente mais uma vez, mais uma vez, mais uma vez...
Luciana Braga