1.10.2013

ELA




Julgar é tão fácil. Sobretudo quando temos tudo ao nosso alcance. Mas, eles não sabiam nada sobre os desejos dela. Tolo era o homem que acreditava que ao possuir um corpo de mulher, possuía também a sua alma.
Ela os iludia com um simples olhar. Acrescentava um sorriso ambíguo e eles já estavam fazendo fila para senti-la na intimidade de um quarto escuro. Ela se despia sem dizer uma única palavra e eles se sentiam plenos ao ver tanta beleza e perfeição.
Ela não sentia desejos. Ela nunca viveu uma paixão. Eles acreditavam que a dominavam, mas não eram capazes de provocar um único grito de prazer que não fosse pura enganação. Disfarce. Mentira. Farsa. Artimanhas de mulher.
Eles apareciam todas as noites e assim aquilo que deveria ser amor, entrega, sentimento; virava comércio, luxúria, lamento. Eles pagavam caro e ela tinha que satisfazer os desejos e necessidades deles.
Mas, e quem iria fazer o que ela sonhava? Quem iria esquentá-la em noites frias? Quem seria capaz de deseja-la tanto que a tiraria daquele lugar? Quem seria capaz de amá-la apesar de tudo? Quem pensaria em um dia fazê-la verdadeiramente feliz?
 Ninguém.

                                                                                                                       Luciana Braga


Compartilhe: