7.05.2025

OLHOS DE ROSAS DESABROCHADAS EM PLENA LUZ DO DIA

 


Eu jurava que ela não viria, mas ela veio. Não me olhou nos olhos. Ficou perdida entre as cores das minhas artes, folheando livros e escondendo sorrisos. Estávamos sendo observadas. Saímos juntas como se soubéssemos para aonde ir. E eu jurava que a despedida viria breve e sem muitos abraços. Éramos duas completas desconhecidas.

Você reparou que eu não havia comido, enxergou meus olhos cansados, diminuiu seus passos para alcançar os meus. Levou minha mala e reescreveu meu dia. Escolheu as palavras e criou coragem para me encarar por trás das tuas lentes multicoloridas.

Conversamos sobre tudo o que a mente trazia para a distância desses corpos tão parecidos e tão singulares em suas diferenças. Adiamos a despedida. Percorremos horas em minutos. Até que nossos olhos se cruzaram por trás das lentes.

E teus olhos viram meus olhos e procuraram a minha boca. Ou foi o contrário? O encontro foi um despetalar de flor com uma confusão de perfumes, texturas, gostos e saudades.

Do desejo que se fez carne e saboreou todas as palavras que foram lidas com a intensidade de quem consome cada verso de um poema antigo. Depois conheci teus dons. E tuas mãos me encheram de um carinho lento e urgente. Adivinhei suspiros, arranhei tuas costas, beijei tua boca e arranquei sorrisos e desejos.

Ao final, éramos um entrelaçar antigo de uma vontade nascida no instante-já. E você prometeu não se apaixonar, mesmo que teu açúcar estivesse caramelizando o doce da minha voz e os silêncios tivessem diminuído e cedido espaço para o que há de vir e eu ainda não pensei.

Compartilhe: