12.21.2015

O PASSAR DO TEMPO


Os dias passam como sucessões de repetições sem sentido. Cada semana perdeu seu brilho, cada hora o seu encanto. Já não conto os minutos para te encontrar. Os segundos passam sem eu sequer notar.
A vida é um deserto sem você. Eu juro que achei que você um dia iria aparecer, mas você fugiu sem dar explicação. É mais fácil desistir que lutar por uma causa perdida. É mais fácil fracassar que lutar pela vida.
 A solidão agora é minha doce companheira. As músicas que tocam em meu rádio não são dançantes. Nem mesmo o sabor da comida é como antes. Tudo o que eu queria era estar errada sobre suas atitudes, mas você sempre toma o caminho mais seguro e eu não faço parte dele.
Eu quero sentir medo ao lado de alguém que me ame sem limite. Eu não quero a segurança de um relacionamento vazio. Se isso é ser feliz, desculpe-me, mas já estou caminhando de encontro ao mar.
Quero que as águas toquem meus pés e causem arrepios infinitos em todo o meu ser. Quero me afogar nessas profundezas. Quero esquecer.
Não adianta seguir adiante, mas não adianta recuar. O amor é uma tolice. Vamos, venha, você também, vamos mergulhar sem temer.
Querido, a vida nunca foi feita para viver. Ela existe para a gente lamentar todas essas decisões erradas que tomamos no passado. Ela existe para nos fazer se sentir fracassados. A vida e as pessoas formam um complexo de pura insensatez.
Deixe-me tomar todas essa noite. Hoje, tudo o que eu quero é esquecer. Houve um tempo em que eu olhava revistas de noivas e sonhava com as transformações do meu corpo, mas você levou isso tudo de mim. Agora sou solidão e amargura e não há cura, porque eu nem tento renascer.
Não sou como a fênix. Eu me desfaço em pedaços e viro cinza, mas ninguém se importa. Eu sou um cristal quebrado que já não vale um tostão sequer. Eu sou apenas aquela sombra de mulher....
 Mas, se dentro de mim talvez ainda houver uma fagulha de esperança... Eu quero tentar. Ontem, alguém me disse que eu tenho que me libertar. Então, deixe-me soltar essas amarras, eu quero pular para longe de você. Hoje, eu quero vestir aquele vestido preto e não me importar com os comentários medíocres. Eu vou deixar que esse alguém se aproxime de mim e me faça me arrepender de deixar. Eu vou permitir que ele segure meu pescoço até eu não ser capaz de respirar. Eu vou permitir que ele me transforme em outra que não eu mesma. Vou deixar que seu corpo faça parte do meu.
Não haverá arrependimentos, reclamações nem meias palavras. Eu só quero que ele venha e suba comigo essas escadas e me beije até que meu fôlego chegue ao fim. Eu quero que ele rasgue as minhas castas roupas e me deixe sem saber o que dizer. Eu quero que ele ultrapasse o meu limite de prazer.
Já não aguento essa vida limitada de cortesias e consequências. Quero me arriscar. Quero que ele me beije onde sentir desejo e me estremeça. Quero que meu corpo o enlouqueça. Eu não sei mais o que esperar dos homens, então, deixe-me apenas aproveitar.
Eu não ligo se ele não se apaixonar. Eu não me importo se tudo não passar de um momento. Há instantes que se eternizam e existências que se prolongam sem motivo algum. Eu não me importo se ele for apenas mais um. Eu quero sentir.


Luciana Braga
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