1.04.2014

ELA...



Ela acreditava que o conhecia de outros lugares, de outros tempos, de outras vidas. Mas, ela não acreditava em reencarnação, em reencontros, em renovação. Ela já não acreditava no amor. Não ardia de paixão. Não encontrava paz em uma linda canção. Nem buscava compreensão entre os homens.
Ela não sabia o que fazer, o que pensar, o que dizer, o que sonhar, o que sentir. Ela era. Cansada de tanto sofrer por causa da superficialidade daquilo que chamam de amor. Ela então desistiu de amar.
Amar dói, fere, dilacera o peito, incha a carne, resseca os olhos, destrói as esperanças. Transforma tudo em nada. Amor mata!
Um dia a disseram que ela tivesse paciência, pois a felicidade logo bateria em sua porta. Iludida sequer fechou a porta. A felicidade deveria entrar.
Contudo, nada é de graça, nada é simples, nada satisfaz e nada corresponde às expectativas plenas de uma mulher.
Então, ela buscou a morte. Caminhou devagarinho até o mar, mas recuou de medo, de fraqueza, de vergonha... O mar é tão grande e forte. Ela é tão pequena e frágil.
Quisera nascer pássaro para fugir daqui. A arte afasta da realidade. A arte é mais real que a realidade. A vida é que é uma representação das possíveis desgraças humanas.
Quando ela se reduzia a pó foi que ele apareceu e através de palavras doces a conduziu à vida.
Ele trouxe fé, amizade, verdade e doçura. Ele a apresentou à vida e ela deixou de sobreviver. Mas, nada é fácil. Viver é sofrer, questionar, chorar e escrever quando a voz não encontra o som.
Viver é encontrar a paz no impossível. Fronteiras intransponíveis agora os separam. Ela nascera para a solidão e renegava essa triste verdade.
Algumas pessoas nascem para amar, outras para serem amadas. Ela nascera.
                                                                   
                                                                                                                         Luciana Braga

Compartilhe: