10.31.2013

FRAGMENTADA





Ainda ouço as vozes atropeladas e os passos apressados. Deus, eles estão correndo! Deus, eu vou ficar sozinha com os vilões da história... Eu não posso correr... Eu quero correr, mas eu não consigo... Senhor, por que me abandonaste?
A blasfêmia reside sempre em nosso pensamento, mas logo a lucidez controla o corpo que treme de medo. Deus não nos abandona nunca, insensata boca. Deus nos carrega no colo no exato instante em que não somos capazes de caminhar. Deus possui uma capacidade imensa para amar. Ensina-me a confiar mais...
Eu os via em pensamento. Eu os ouvia com vozes sem sentido. Eles rasgavam o meu vestido em busca de algo de valor. E a minha honra? O meu pudor? Onde é que foi morar o amor?
Imagens surreais. Pensamentos sem sentido. Agarro-me aos meus livros. Eles ganham vida. Não, eles têm vida e me protegem. Eles me abraçam em retribuição e eu consigo segurar as lágrimas que comoveriam o mais frio taxista.
Chego no aconchego do meu lar. Lágrimas jorram dos meus olhos e molham a minha face. Eu não...nãaao... não conseguia correr... Todos estavam correndo, mas eu não conseguia... Acalme-se! Beba um copo com água... Mas, todos correram eu fiquei caminhando sozinha na rua mal iluminada. Tive medo, ainda tenho... O importante é que você está bem...
Não importa os inícios, os meios, mas os fins. E Ele me salvou. Ele sempre me salva diariamente quando eu penso em me matar e ele me diz sussurrando: Não vale à pena... Seja forte... Você é forte... Acredite... E eu creio!

                                                                                                                         Luciana Braga
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