10.30.2013

SIMPLES PENSAMENTO





Eu sei que muitas pessoas me olham com tédio, com nojo, com inveja, com raiva ou com medo de que eu viva mais do que elas desejariam.
Contudo, confesso, eu não amo todos aqueles que ensino diariamente; aliás, às vezes, duvido muito se estou os ensinando mesmo algo, pois eles não me ouvem.
Alguns, eu amo incondicionalmente, dou o meu sorriso mais encantador, dou um aperto de mão sincero, um abraço carinhoso, digo palavras de conforto e considero muito mais que amigos. Mas, há outros que, se eu pudesse, jamais teria encontrado em meu caminho. Há outros que eu queria matar com a força de um olhar. Há outros que me irritam, incomodam e me fazem sofrer e chorar.
Não vivo para esses outros, prefiro “alguns” olhares que, embora, singelos me fazem ganhar o dia. Vivo e trabalho por alguns que me trazem questionamentos vários, alguns cujo carinho foge a dicionários, alguns que me abraçam e eu sinto vontade de chorar. Alguns que eu irei eternamente amar...
Os “outros” não merecem as minhas palavras, não merecem o tom da minha voz, merecem essa distância que há entre nós e merecem aprender pela dor que não se desvia a atenção quando alguém fala. Os outros merecem ouvir muitas gargalhadas quando estiverem se corroendo de dor por dentro das entranhas. Os outros merecem essa dor que arranha e mata. Os outros merecem conhecer o sentido de uma vida ingrata. Merecem a retribuição de todo o dissabor causado.
Senhor, o que eu disse? Será que eu acabo de mudar de lado? Não sou Deus nem o diabo. Quem sou eu para querer punir alguém? Sou um grão de areia no deserto. Sou uma gota que insiste em querer saciar uma sede imensa. Sou uma voz que clama na escuridão. Não sou artista, nem esportista, não sou celebridade vazia de momento. Sou uma voz que some com o vento. Sou um poeta ou sou um simples pensamento.

                                                                                                    Luciana Braga
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