10.15.2013

ÂNSIA





Sinto como se adagas perfurassem o meu estômago lentamente. Os meus olhos perdem o foco facilmente e eu vejo nuvens se movimentando ao invés de pessoas com carne e osso, mas não posso cair. Não posso cair...
“Sinto uma ânsia análoga à ânsia que sai da boca de um cardíaco”, mas não posso expor as minhas entranhas para essa humanidade hipócrita que finge se importar com a minha triste vida! Sinto meu corpo pairar e não tenho o controle sequer do meu caminhar. Parece que vou cair, mas me apoio nas tuas palavras e me mantenho de pé! Às vezes só é preciso ter um pouquinho de fé!
O meu corpo gela, as minhas mãos tremem e soltam um líquido constantemente. Não compreendo o que é que um moribundo sente, mas sinto-me mais distante da vida nesse momento.
Da minha boca saem palavras sem sentido, a minha cabeça dói e sinto vontade de chorar, mas não tem ninguém aqui para me abraçar e me segurar antes que eu desmaie!
Como é triste ser só, mas eu escolhi essa condição, então tenho que arcar com as consequências!
Não sinto medo da loucura, mas sinto medo de necessitar de alguém para fazer coisas simples, como segurar uma faca e perfurar o meu peito que parece saltar do meu corpo nessa hora! Deus de quem seria a vitória se eu partisse agora?
Será que aqueles que me odeiam cantariam ou lamentariam não me ver mais para rogar pragas à minha existência? Já não sinto falta de quem não sente falta de mim, se um dia me preocupei, hoje essa preocupação teve um fim, já não me importo, entendeu?
Sei que quando me enxerga nos corredores da vida, doem um pouco mais as tuas feridas ou isso é um devaneio da minha mente doentia!
Sei que não estou em condições de exigir que cumpras as tuas palavras ditas em momentos de ilusão, nem me afeta mais a tua ingratidão! Portanto, deixe-me morrer em paz. É caminhando sozinha pela praia que eu me sinto plena!

                                                                                                                     Luciana Braga
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