Enxergar o seu rosto em meus
sonhos, ainda não é ver você. Abraçá-lo forte quando o encontro, ainda não
demonstra todo o prazer que eu sinto com a sua presença. É necessário muito
mais para demonstrar tudo o que eu estou sentindo.
E saiba que palavras não são
capazes de explicar. Gestos também não descrevem os meus sentimentos. Os meus
olhares estão sempre desviando dos seus, então você não é capaz de perceber o que
está diante dos teus olhos. A verdade é que estou te amando da maneira mais
absurda e anormal que existe.
Estranho amor esse meu que quando
toca, fere. E quando fere não é capaz de cuidar. Eu sei, é mesmo muito estranha
essa minha forma de amar. Mas, o amor é tudo o que eu aprendi nessa vida. O
pior é que eu não sei nada sobre o amor.
Eu sou a pura contradição. Sou um
barco navegando sem direção. Sou um sol que brilha sem iluminar. Sou mesmo essa
forma estranha de amar. Sou um sorriso infantil. Sou uma criança que clama por
colo. Sou alguém que esqueceu para aonde queria ir. Sou aquela que desaprendeu
a sentir aos pouquinhos. É que quando eu sinto vem sempre tudo de uma única
vez.
E tudo aquilo que você me fez ainda dói muito
aqui dentro. Cada lágrima, cada grito, cada decepção. Você me tirou a certeza
que eu tinha sobre sentir. Foi você quem me ensinou a fugir. Foi você quem me
mostrou as consequências de desistir. Foi você que me fez querer morrer
dormindo. Você é o culpado por tudo o que eu continuo sentindo. Você é o
responsável por eu não ser capaz de me entregar a uma paixão. Você foi aquele
que quebrou o meu coração.
No entanto, agora eu estou
tentando montar os pedaços. Eu estava conseguindo, então você reaparece e tenta
confundir a minha mente outra vez. Contudo, apesar do perdão, a minha mente não
consegue esquecer tudo o que você fez. E mesmo eu sabendo que nunca soube dizer
a outra pessoa um eu te amo, a não ser a você. Eu não quero sofrer novamente.
Eu quero manter distância de você.
Eu não quero acordar pensando
qual a mentira que você me contará hoje. Não quero abraçá-lo e perceber que o
seu cheiro já não é o mesmo. Não quero beijá-lo e imaginar em quem você está
pensando no momento. Eu sei que guardo ainda muito rancor e ressentimento.
O problema é que doeu muito,
sabia? Você nunca me perguntou como eu me senti. Você nunca se importou com os
meus pensamentos. O seu ego enorme só deixava você enxergar a si próprio. Mas,
eu sofri muito, sabia? E ainda sofro, porque o seu fantasma não sai da minha
mente. Ainda sofro porque penso que todos são iguais a você. Ainda sofro porque
você nunca me deixa te esquecer.
E mesmo não o amando mais. Mesmo
não permitindo que você se aproxime de mim. A sua presença ainda que distante
faz estragos contínuos em meu coração. Porque eu sou uma fraca que não consegue
se abrir de novo para o amor. Porque o amor que eu tinha já acabou. Porque eu
não sou capaz de retribuir. Porque sempre que alguém se aproxima muito, eu me
afasto. Porque eu não me importo em conhecer o seu novo rastro.
Se pelo menos, aproximando-me de
você, eu pudesse apagar essa dor que me devora. Se pelo menos, o seu abraço me
devolvesse todo o carinho que um dia eu te dei. Se pelo menos, você fosse capaz
de me devolver o brilho no meu olhar que tanto o encantava. Se pelo menos eu acreditasse
que naquele tempo, você me amava. Se eu acreditasse uma única vez que fui
feliz. Se eu confiasse em mim novamente e me permitisse tentar. Não com você,
pois o meu amor por você foi diluído com fogo e brasa. Mas, se eu pudesse amar
novamente. Se eu pudesse sentir, pelo menos uma vez.
Sentir tudo ao mesmo tempo, sabe,
mas pela pessoa certa dessa vez. Abraçar alguém que se encontre em meus
abraços. Despir-me para alguém sem nenhum embaraço. Beijar e sentir que a
sensação é especial. Entregar-me como se fosse meu último momento de prazer. Sentir
tudo ao mesmo tempo, sabe, mas não por você. Sentir que eu posso amar novamente
e ser correspondida. Sentir que eu encontrei o homem da minha vida. Sentir que
posso ser feliz...
Eu não me importaria de morrer no
dia seguinte. Eu não me importaria em interromper os meus sonhos. Se eu
encontrasse esse infinito em mim, acredite, tudo valeria a pena. Se eu
encontrasse esse infinito em mim por um único dia, por uma única noite apenas
ou simplesmente por um instante... Sim, um instante de amor verdadeiro... Pelo
menos uma vez... Eu morreria em paz e realizada. Eu morreria feliz, pois eu não
buscaria mais nada. Morreria feliz em ver olhos lacrimosos que me amaram de
verdade, mesmo que por um instante apenas... Eu teria encontrado o infinito em
mim e o significado do amor. E eu diria para mim mesma emocionada: “Querida, a
sua busca acabou”.
Luciana Braga