Quem foi que disse que todo
palhaço é feliz? Por diversas vezes eu também me sinto "um palhaço",
pois faço uma força descomunal para mostrar que está tudo bem, para provar que
estou feliz, para repetir que tenho tudo o que eu sempre quis, para brincar
mesmo quando tenho ganas de chorar. Quem foi que disse que só os palhaços usam
uma máscara? Nós, diversas vezes, também a usamos.
Eu, por exemplo, uso quando quero transmitir
ao mundo as ideologias que ele exige a cada dia, de que tudo caminha para a
resolução, mesmo quando eu vejo a humanidade mergulhada em um caos profundo.
Quem foi que disse que a maquiagem esconde?
Creio que esse é o nosso grande
engano ou a nossa grande ilusão, sobretudo, as mulheres que se escondem por
trás de uma carga pesada de pó e creme para transmitir uma beleza, uma
juventude e uma jovialidade, que elas estão longe de alcançar.
Ou ainda, e creio que esse talvez pareça ser o
motivo de tão imensa vaidade, a mulher se maquie para disfarçar uma tristeza
que fragmenta a sua alma e a faz sofrer; mas como ela é forte e tem que mostrar
aos filhos, marido, mãe, sociedade e Deus, que ela é capaz de suportar tudo
sozinha. Quem foi que disse que toda brincadeira tem graça? Eu, por exemplo,
não vejo graça alguma em brincar com o coração alheio, fingir que ama, só para
se sentir amada, fingir que quer, só para ter alguém aos seus pés, enquanto por
dentro, no fundo, a repulsa perpassa a carne. Isso não é amor, é egoísmo. Quem
foi que disse que todo escritor sabe de tudo? Eu, por exemplo, nem me julgo uma
escritora tão astuta, sequer creio que sou adulta e, muito menos acredito que
sou incapaz de errar.
Eu erro a cada momento e erro ainda mais
quando tento acertar, pois quando eu não tento, é quando mais faço, quando eu
lamento, é quando estou certa, e quando julgo está certa, estou incompleta, tal
é a inconstância da alma de um poeta.
Luciana Braga
Luciana Braga
