Há dias em que eu me sinto
tempestade. Destruo as paisagens mais lindas que se formam em teu rosto. Escureço
a visão e mal consigo enxergar o infinito que se prolonga a nossa frente. Há
dias em que eu mudo de humor de repente, a chuva se vai por completo ou me transformo
em um sereno discreto. Há dias em que tudo o que eu quero é tê-lo junto a mim,
aqui ao meu lado, no meu encontro, bem perto.
Há dias em que eu me sinto
constelação. Ilumino a todos com meu sorriso e finjo que é disso que preciso.
Uma estrela afinal nunca se apaga, apenas muda de lugar e continua a brilhar. Mas
há dias em que meu sorriso some e eu sou só solidão. Nesses dias, eu almejo
ardentemente pelo toque das tuas mãos. A sensação dos teus dedos envolvendo os
meus é algo indescritível. Há dias em que tudo o que eu quero é ouvir sua voz
ao pé do meu ouvido.
Há dias em que eu me sinto lua
cheia de fases. Amanheço minguante e tão discreta, mas ao final do dia, minha transformação
fica completa e eu me encho de alegria pelo simples fato da tua presença. Teu beijo
guarda meus segredos, é o teu legado, tua essência. Ele desvenda o amor e
ultrapassa a inocência.
Há dias em que sou fogo ardente. Queimo
tudo o que vejo pela frente. Não é paixão, é desespero. Não é amor, é ilusão. Nesses
dias, meu corpo controla minha mente e eu mal consigo perceber. Nesses dias,
aumenta o desejo de te ver. Sou como uma faísca pequena que se alastra ao
simples toque teu. Não permita nunca que eu me torne cinza da manhã. Não me
veja como uma amiga ou uma irmã. Entenda que eu já esperei tempo demais. Há
dias em que o desejo inquieta minhas noites e destrói a minha paz.
Sou tempestade, sou sereno, sou
garoa, sou constelação. Sou tua lua, sou teu sol, sou amor e também sou paixão.
Hoje sou um pedido. Amanhã sou solidão. Quando eu desejo tua presença; faço do
sonho uma constatação. Amor quando é de verdade, liberta e faz perder a razão. Espero-te
a vida inteira, pois sem você sou incompleta. O mundo está cheio de dúvidas e
eu sou só um poeta.
Luciana Braga
