6.19.2013

ELE





Ela saiu de casa correndo. Nunca havia sido tão humilhada. Sua mãe nunca fora tão injusta. Brigar com ela sem motivo. Isso não se faz. Ainda por cima, ela havia dito que a menina era uma inútil. Inútil: palavra dura, mais dolorosa que faca afiada. A menina, agoniada, só soube baixar a cabeça e chorar.
O que mais ela ia fazer? Gritar e levar uma tapa na cara? Responder à sua mãe? A sua educação não permitia tamanhas revoltas, mas a sua mente pedia paz. Os seus ouvidos não aguentavam mais. Então, ela saiu correndo para que sua mãe não a visse chorar.
Ainda ouviu alguns gritos incoerentes, mas estava tão longe... Não parou um só minuto. Até encontrá-lo.
Ele era o seu porto seguro, a sua tranquilidade, o seu amor, a sua liberdade, a sua voz sensata, o seu beijo de carinho, o seu olhar emocionado, o seu abraço apertado, as suas palavras certas, o seu momento perfeito, o seu cheirinho de maçã, a sua ligação de cada manhã, o seu companheiro onde quer que ela fosse, o seu beijinho de boa noite, o seu sonho, a sua realidade, o seu desejo e o seu amor de verdade.
Ela não precisou dizer nada do ocorrido, ele a olhava e parece que já lia nos olhos dela todo o acontecido. E ela ficava emocionada tentando entender. E ela perguntava: “Como posso amar tanto você?”
Ele sorria e a cobria de beijos. Ela se perdia nesse abraço de amor e desejos. Ela o seguiria para onde ele fosse. Ele era o amor que Deus trouxe para ela ser feliz. Ele era tudo o que ela sempre quis. Ele a fazia esquecer os problemas. E ela começava a entender o que a sua mãe não sabia. A sua utilidade era viver para amar.
Ela não a entendia, mas não tinha problema. A menina ia continuar a amando mesmo assim. Porque quando a gente ama, embora haja mágoas, o amor é verdadeiro e não pode ter um fim.

                                                                                                                                      Luciana Braga
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