5.14.2013

SOZINHA




Sozinha nessa imensa casa, eu me perco em pensamentos ruins. Procuro ocupar a minha mente com bons livros, filmes românticos, boa música, mas é inevitável... A solidão toma conta de mim.
Incrível como a vida é traiçoeira e nos toma a liberdade a partir de um único passo em falso. Sinto falta de correr, embora nunca tenha me permitido perder o fôlego. Sinto falta de caminhar ao encontro de quem eu amo, pois sem poder andar, eu sequer consigo chegar ao telefone antes que ele pare de tocar.
A vida é tão injusta, mas aos poucos, ela nos ensina que somos sim substituíveis, que somos seres passíveis de erros e que somos frágeis, muito frágeis...
Ontem eu estava pulando e rodopiando com uma criança que amo muito e me devolve a alegria mesmo quando nem eu consigo encontrar. Ontem eu estava girando com ela nos braços. Ontem eu estava sorrindo sem nenhum embaraço ao cantar.
E agora, estou aqui sozinha, dependente, descontente e preocupada. Agora estou aqui sem dormir, sentindo dores imensas no escuro da madrugada.
Eu não quero pedir que me tragam nada. Eu quero ir ao encontro do que desejo, mas não consigo. É tão ruim depender dos outros e saber que alguns ainda são capazes de dar risada. É tão ruim não poder sair de casa... Mas, é pior ainda não se libertar de si mesmo.
Eu já conquistei a minha liberdade. Há muitos anos que posso ir e vir, mas agora me vejo presa entre almofadas, desejando intensamente sair.
Alguns dizem que eu exagero. É que eu me acostumei a sentir demais. Alguns brigam se eu me desespero, mas é que sinto sempre que não sou capaz.
Desejo um abraço, um carinho, um minuto de atenção, mas não quero ser um fardo nem quero que sintam pena, assim como sempre quis o amor ao invés de uma louca paixão.

                                                                                                                        Luciana Braga
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