Da varanda, eu consigo vê-la
imponente no céu. Ela brilha para mim ou isso tudo é fruto da minha imaginação?
Estarei sendo egoísta e egocêntrica ou é só a solidão? Não sei, não sei.
Fazia uma semana que eu não contemplava
a lua. E agora, quando finalmente eu consegui vir até a varanda, emociono-me
com esse magnífico espetáculo da natureza. É impressão minha ou eu já estou
chorando?
A lua é tão romântica e por isso
tão solitária. Às vezes, as estrelas a abandonam, mas, mesmo assim, ela não
deixa de brilhar.
Essa noite, sinto-me como a lua,
quieta, romântica e sozinha na minha varanda.
Os meus braços doem por causa do
esforço diário. Contudo, a minha alma está leve e eu já não reclamo de não
poder andar temporariamente. É que parei para pensar que alguns perdem os pés,
porém não deixam de viver.
Lembro-me de ter conhecido um
moço que não possuía uma perna, mas tinha uma namorada invejável. Eu não
entendia e o meu preconceito cegava os meus olhos para o lógico.
É que quando a gente ama, o único
órgão que realmente importa é o coração.
Parei para pensar que se eu
perdesse os cabelos; o meu amado me faria uma linda coroa de flores. Se eu
perdesse a visão; ele me faria sentir o seu amor. Se eu perdesse a audição; ele
gesticularia que me ama, que me ama e me ama e se eu ainda não compreendesse,
ele finalizaria a lição com um longo beijo para não restar dúvida.
E se eu não pudesse mais falar;
os meus olhos diriam tudo sem eu precisar articular uma única palavra. Se eu
perdesse os braços; eu te envolveria com minhas pernas. Se o contrário ocorresse,
usaria as minhas mãos para te fazer carinho.
Não importa o que a vida nos
tire. O amor sempre nos devolve novas oportunidades de demonstrar o quanto
amamos.
Contudo, se meu coração parasse
de bater, o meu corpo ficaria imóvel; mas, mesmo assim, eu diria pela última
vez com os olhos lacrimosos e com uma voz rouca, romântica e pura como a lua:
que te amo, que te amo e te amare eternamente e para sempre serei sua, somente sua!
Luciana Braga
