3.23.2013

UMA LUZ EM MIM





A hipocrisia de algumas pessoas causa-me uma ânsia sem explicação. É tanta gente falsa fingindo ser bonzinho, quando na verdade não demonstra uma única atitude de carinho que não tenha um interesse oculto por trás.
Queria acreditar no amor verdadeiro, queria ver alguém me amando o tempo inteiro sem precisar mentir ou me trair. Queria chorar ao me despedir. Queria me emocionar com uma canção. Mas, é tanta ingratidão, tanto lobo em pele de cordeiro, que me pergunto o tempo inteiro: “onde iremos parar?”
As crianças estão engravidando. Os adolescentes estão se matando e os adultos desconhecem o significado da maturidade. Vejo tanta mediocridade que me dá vontade de fugir daqui.
Então eu busco o mar e corro sem sentido. Corro o mais rápido que posso. Corro sem saber o que vou encontrar. Mas, como todos que correm desesperadamente, eu tropeço e sinto uma dor imensa ao cair.
Isso também ocorre quando eu luto muito, quando eu faço de tudo para ser notada. Isso ocorre quando eu penso que sou amada e busco agir da melhor maneira possível. Eu corro para agradar a pessoa amada, mas ela não se emociona, antes, dá risada, e eu caio no chão sem proteção.
Vejo tanta gente sem coração. Vejo doentes por toda a parte, mas não é a tuberculose, ou câncer ou hiv. A doença que eu já cansei de tanto ver é o egoísmo, a maldade e a ingratidão.
Vejo também tanta gente deficiente, que não enxerga, não ouve, não fala e não dá um passo sequer. Mas, não é daquela “deficiência” que a nossa sociedade tanto fala que eu me refiro. Penso sempre em algo muito mais grave.
Penso no cego que não enxerga o próximo que clama por ajuda. Penso no surdo que não ouve as súplicas de uma criança faminta. Penso naqueles que não sabem usar a voz para proclamar a palavra de Deus ou para manifestar uma opinião inteligente sobre a nossa realidade social. E, acima de tudo, penso naqueles que não sabem mais dar um passo sequer, pois as suas pernas desaprenderam a caminhar. O comodismo destruiu as suas forças e eles já não sabem como fazer para mudar.
Sinto pena dessa sociedade destruída. Sinto pena dessas pessoas que perdem o gosto pela vida. Mas, sinto um nojo imenso por aqueles que se acham superiores. Tenho gana de matar os malfeitores, mas sou pequena, frágil e doce demais para destruir.
Então eu uso o poder das palavras e a força do meu olhar, ensino para alguns que é impossível viver sem amar, mesmo que o amor não esteja mais valendo nada. Uso o alcance da minha voz e a decepção que há em mim. Busco multidões, mas ninguém me ouve, então eu grito e o meu grito rompe os céus, mas ninguém presta atenção.
Cansada, eu tramo uma morte violenta, cometo o mesmo erro dessa juventude sedenta da graça de Deus e de muito amor. O problema é que eu sou idealista demais, duvido de quanta maldade o homem é capaz e me decepciono sempre e sem parar.
Isso porque no fundo do meu coração ainda há uma luz que brilha quase sem força, mas ainda me ilumina. É uma luz, uma esperança, uma inspiração divina. É um fôlego, um afago, um desejo de amar. É uma luz fraquinha, eu sei, mas enquanto ela houver, ainda posso voltar a sonhar.

Luciana Braga
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