10.15.2012

UMA LÁGRIMA QUE CAI



      
O que nos leva ao precipício? Falta de amor? Falta de esperança? Desespero? Solidão? Ingratidão? Creio que tudo isso junto nos arrasta à morte. E não há nada mais mortal do que perceber que o seu grande sonho de menina está se transformando em seu maior pesadelo em alguns momentos.
 Não quero ser injusta. Não quero renegar a Deus. Não quero perder a salvação. Contudo, Pai, é tanta ingratidão que está me destruindo pouco a pouco. Eu me rendo. Não sou tão forte quanto eu pensava que fosse. A vida não está sendo fácil. O fardo é tão pesado e eu sou tão pequenina... Sinto que não posso mais. Deixa eu me render? Retira-me o medo e eu me atiro nesse abismo sem medo.
Quantas blasfêmias! É o desespero... Perdoa-me. Sei que tu és tão bondoso comigo, mas o homem é perverso. Eu não posso. Eu sei que desde o início tu me disseste que tinha que ser com o suor do meu rosto. Mas e as lágrimas? Lágrimas não estavam no contrato.  
Deixa-me desistir? Sinto que já não posso mais. Isso está me matando. Quero uma saída. Abre meus olhos. Sozinha eu não sei. Ensina-me! O homem é cruel demais, ele não se arrepende. Ele mente, finge, e ainda por cima sorrir com um sorriso sínico. O sorriso dele esfacela o meu ser. Aceita a minha demissão. Viver é mais que perigoso.
Ensinar a quem? Por quê? O homem não busca o Conhecimento. O homem busca o Prazer. Tu me disseste um dia que se eu caísse, levar-me-ia em seu colo. Quero sentir seus braços, ó Pai. As lágrimas ainda me consomem. Ajuda-me a ser forte. Ajuda-me a fingir que está tudo bem.
Ajuda-me porque ainda há poucos que querem o ensinamento. Viverei por esses poucos, e desejarei que a maioria descubra, mesmo que seja pela dor, que quando uma lágrima cai, não é fraqueza, nem melancolia, é transbordamento. É a plenitude... Ainda que o homem não saiba o valor que tem uma lágrima que cai.                                                                                             

   Luciana Braga
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